domingo, 8 de julho de 2007

Rio de saudade...



Nas sossegadas margens de um rio
Chamado saudade
Permiti que as palavras fossem silenciadas
Quedei-me na fresca sombra dos salgueiros
E deixei que o som das águas correntes
Me levasse para um lugar longínquo
O lugar das minhas recordações

Como passou depressa o tempo
Nas margens deste rio
O meu rio de saudade

Recordei a infância com as suas tropelias
As corridas, o jogo das escondidas
A apanhada, a cabra cega…
Que saudades Deus meu, que saudades
Do tempo em que tudo parecia possível
Em que os sonhos eram um lampejo de realidade
Em que perder a corrida motivava o choro
Que silenciava com um pequeno afago

Como passou depressa o tempo
Nas margens deste rio
O meu rio de saudade

Com leveza evoquei a minha adolescência
Tempo de quimeras
Adocicadas no fervor da puberdade
Sonhos de menino com desejo de seguir em frente
Lançando-me nos braços da aventura
Em que subir mais alto era sinal de bravura
Destemidamente nem o olmo mais alto escapou à minha escalada


Como passou depressa o tempo
Nas margens deste rio
O meu rio de saudade

De relance revi a minha juventude
Toda vivida na perseguição de uma entrega
Nas mãos d’Aquele que me chamou à vida
Época de encontros e desencontros
Na incerteza de um caminho que teimava em ser esquivo
Por entre avanços e recuos
Nas escarpas de um sonho que começava a ser realidade


Como passou depressa o tempo
Nas margens deste rio
O meu rio
de saudade

7 comentários:

Catequista disse...

Rio que flui até ao mar, seguindo sempre o seu percurso!
Um abraço

Elsa Sequeira disse...

Oh!! PCL!!

Como adorei este momento lindooo!!

beijinhos no teu coração liondooooo!

Anawîm disse...

deixa-me também ficar aí um pouco... nas margens desse rio de saudade...
e sonhar que o sonho pode não ser sonho, se o coração for sempre lindo e criança
porque afinal, tantas vezes continuamos a perder a "corrida"... e o "olmo mais alto" continua a ser um verdadeiro desafio...
e o pequeno afago continua sempre a ser bemvindo...

abraços fortes em Cristo

figlo disse...

Como a saudade é doce!...a da infância... a da juventude...a da madurez da nossa vida...sempre acompanhada de memórias...
Irmão e amigo (logo de manhã me fizeste chorar...) Todos os caminhos são incertos e é a caminhar que os vamos abrindo. com coragem! Que o olhar para trás , embevecidos, não nos atrase na caminhada, porque os rios correm sempre para o mar, entre pedras, cachões e sobressaltos. Só na foz descançam...e a nossa vida por vezes como a deles...
um grande abraço do "fi" e um afago terno meu.
.

figlo disse...

Como é que se pode emendar um erro ? ortográfico, claro...
descanso para corrigir descanço...
peço desculpa!

Anónimo disse...

Uau!
Fiquei sem palavras! Este poema está uma delicia!
Parabéns!

beijinho

Teresa Calcao disse...

Tantas caminhadas nas margens desse rio da saudade.....
Parabens pelo poema maravilhoso!
Beijinho