No meio da tarde
Um homem caminha:
Tudo em suas mãos
Se multiplica e brilha.
Um homem caminha:
Tudo em suas mãos
Se multiplica e brilha.
O tempo onde ele mora
É completo e denso
Semelhante ao fruto
Interiormente aceso.
No meio da tarde
O escultor caminha:
Por trás de uma porta
Que se abre sozinha
O detino espera.
E depois a porta
Se fecha gemendo
Sobre a Primavera.
Se fecha gemendo
Sobre a Primavera.
Sophia de Mello Breyner Andresen
4 comentários:
Que bom que é Caminhar,
ainda se seja noite
ainda que a tarde parta
ainda que não seja Primavera...
Mil sorrisos pa ti, Pcl!!!
Beijinhos
às vezes, passam na nossa vida "escultores" -homens e mulheres que nos encantam com o seu jeito de sonhar e fazer. Tudo o que deles vem exprime e nos ensina "um Amor Maior".Por isso fazem de nós melhores pessoas.
Há gente que tem nos olhos "o outro lado da vida". Os seus passos e o seu fazer são diferentes. Do "outro lado da porta" sem dúvida está a Primavera.
Cuidado! todos nós somos um pouco "escultores".bjs
Porque às vezes, existem em nós o dom de tudo quanto tocamos, transformar em primavera...
Mas nem sempre esculpimos portas para a primavera...
Muito bonito o poema, obrigada pela partilha.
Beijo.
Ola amigo,
O escultor vai estando por lá a tratar das suas obras.. A porta abre-se, a porta fecha-se gemendo... Faz tudo parte da aprendizagem, nao e? Temos que ir aproveitando tudo o que por nós passa.
Espero que estejas bem.
Beijinhos
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