quinta-feira, 8 de novembro de 2007

O ESCULTOR E A TARDE

No meio da tarde
Um homem caminha:
Tudo em suas mãos
Se multiplica e brilha.




O tempo onde ele mora
É completo e denso
Semelhante ao fruto
Interiormente aceso.


No meio da tarde
O escultor caminha:
Por trás de uma porta
Que se abre sozinha
O detino espera.


E depois a porta
Se fecha gemendo
Sobre a Primavera.
Sophia de Mello Breyner Andresen

4 comentários:

Elsa Sequeira disse...

Que bom que é Caminhar,
ainda se seja noite
ainda que a tarde parta
ainda que não seja Primavera...

Mil sorrisos pa ti, Pcl!!!


Beijinhos

figlo disse...

às vezes, passam na nossa vida "escultores" -homens e mulheres que nos encantam com o seu jeito de sonhar e fazer. Tudo o que deles vem exprime e nos ensina "um Amor Maior".Por isso fazem de nós melhores pessoas.
Há gente que tem nos olhos "o outro lado da vida". Os seus passos e o seu fazer são diferentes. Do "outro lado da porta" sem dúvida está a Primavera.
Cuidado! todos nós somos um pouco "escultores".bjs

Anónimo disse...

Porque às vezes, existem em nós o dom de tudo quanto tocamos, transformar em primavera...
Mas nem sempre esculpimos portas para a primavera...

Muito bonito o poema, obrigada pela partilha.

Beijo.

Cátia disse...

Ola amigo,

O escultor vai estando por lá a tratar das suas obras.. A porta abre-se, a porta fecha-se gemendo... Faz tudo parte da aprendizagem, nao e? Temos que ir aproveitando tudo o que por nós passa.

Espero que estejas bem.
Beijinhos