Vi as águas os cabos vi as ilhas
E o longo baloiçar dos coqueirais
Vi lagunas azuis como safiras
Rápidas aves furtivos animais
Vi prodígios espantos maravilhas
Vi homens nus bailando nos areais
E ouvi o fundo som das suas falas
Que já nenhum de nós entendeu mais
Vi ferros e vi setas e vi lanças
Oiro também à flor das ondas finas
E o diverso fulgor de outros metais
Vi pérolas e conchas e corais
Desertos fontes trémulas campinas
Vi o rosto de Eurydice das neblinas
Vi o frescor das coisas naturais
Só do Preste João não vi sinais
As ordens que levava não cumpri
E assim contando tudo quanto vi
Não sei se tudo errei ou descobri
Sophia de Mello Breyner Andresen, Obra Poética
8 comentários:
Este poema também é cantado por Pedro Barroso!
Um abraço amigo!
À medida que crescemos(em idade), vamos perdendo a capacidade de nos "encantarmos".Perdendo este "espanto do olhar inicial", este "deslumbramento perante a diferença"...
Assim, o Navegador, trazendo no coração e na memória muito mais que aquilo que algum dia ele e o seu rei tinham sonhado,arrasta consigo a dúvida: "será que cumpri?!"Era isto que eu procurava?!"
...e vai daí continuaremos sempre na busca da "India Perdida"...
beijos e abraços.Um dia de "encantamento"!
Este poema é lindo!
Parabéns pela escolha.
beijinhos.
Querido amigo,
Que bom é ver tais encantos, ouvir os sons... é preciso é ver e ouvir com o coração... Belo poema.
Beijo terno
Pcl!
Gostei deste momento, suave...
beijinhos
ao fim de alguns meses de ausência decidi tornar a este cantinho de tanto amor para dar e receber gosto de vir aqui esta paz faz-me bem á alma e nos momentos menos bons da vida sinto-me bem a a ler todos estes posts um grande abraço e continue sempre assim cumprimentos ( Edite Gomes a esposa do antónio gomes que foi a Fátima )
Olá! Obrigada pela visita e comentário :) este poema está lindo, só podia ser 'da Sophia' ;) bjs
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