terça-feira, 9 de outubro de 2007

Vi...




Vi as águas os cabos vi as ilhas
E o longo baloiçar dos coqueirais
Vi lagunas azuis como safiras
Rápidas aves furtivos animais
Vi prodígios espantos maravilhas
Vi homens nus bailando nos areais








E ouvi o fundo som das suas falas
Que já nenhum de nós entendeu mais
Vi ferros e vi setas e vi lanças
Oiro também à flor das ondas finas
E o diverso fulgor de outros metais







Vi pérolas e conchas e corais
Desertos fontes trémulas campinas
Vi o rosto de Eurydice das neblinas
Vi o frescor das coisas naturais
Só do Preste João não vi sinais

As ordens que levava não cumpri
E assim contando tudo quanto vi
Não sei se tudo errei ou descobri

Sophia de Mello Breyner Andresen, Obra Poética


8 comentários:

Sandra Dantas disse...

Este poema também é cantado por Pedro Barroso!

Um abraço amigo!

figlo disse...

À medida que crescemos(em idade), vamos perdendo a capacidade de nos "encantarmos".Perdendo este "espanto do olhar inicial", este "deslumbramento perante a diferença"...
Assim, o Navegador, trazendo no coração e na memória muito mais que aquilo que algum dia ele e o seu rei tinham sonhado,arrasta consigo a dúvida: "será que cumpri?!"Era isto que eu procurava?!"
...e vai daí continuaremos sempre na busca da "India Perdida"...
beijos e abraços.Um dia de "encantamento"!

Anónimo disse...

Este poema é lindo!
Parabéns pela escolha.

beijinhos.

Cátia disse...

Querido amigo,

Que bom é ver tais encantos, ouvir os sons... é preciso é ver e ouvir com o coração... Belo poema.

Beijo terno

Elsa Sequeira disse...

Pcl!

Gostei deste momento, suave...
beijinhos

Unknown disse...

ao fim de alguns meses de ausência decidi tornar a este cantinho de tanto amor para dar e receber gosto de vir aqui esta paz faz-me bem á alma e nos momentos menos bons da vida sinto-me bem a a ler todos estes posts um grande abraço e continue sempre assim cumprimentos ( Edite Gomes a esposa do antónio gomes que foi a Fátima )

Comentário disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
' Claudjinha disse...

Olá! Obrigada pela visita e comentário :) este poema está lindo, só podia ser 'da Sophia' ;) bjs