quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Senhor

Senhor se eu me engano e minto,
Se aquilo aquilo a que chamei a vossa verdade
É apenas um novo caminho de vaidade,
Se a plenitude imensa que em mim sinto,
Se a harmonia de tudo a transbordar,
Se a sensação de tudo a transbordar,
Se a sensação de força e de pureza
São a literatura alheia e o meu bem estar,
Se me enganei na minha única certeza,
Mandai os vossos anjos rasgar
Em pedaços o meu ser
E que eu vá abandonada
Pelos caminhos a sofrer.

Sophia de Mello Breyner Andresen, Poesia.

2 comentários:

figlo disse...

Pe!
Quem poderá ,em verdade, dizer que sempre foi coerente na sua vida com aquilo e Aquele em que acredita?
Quem poderá, em verdade , dizer que nunca duvidou?
Estamos como S. Paulo quando diz que seríamos as mais desgraçadas criaturas se Aquele em que acreditamos, não tivesse ressuscitado. A nossa Fé seria em vão. Bem podíamos "ir pelos caminhos a sofrer" porque estaríamos abandonados...
bjs e abraços na certeza de que não estamos mesmo abandonados!

Anónimo disse...

Mais um belo poema! :)

Beijinhos!